5.1.08

Eu ando de olhares distantes para ver melhor. Acalmar o palpitar descoordenado do coração para que seu barulho não ensurdeça outros sons. Muito de perto, uma doçura espessa me cobre os olhos, os ouvidos só ouvem um conjunto de batidas e respirações, os lábios não conseguem desfazer o sorriso e descontrolado, o pensamento refaz cenas que quer ver, ver e rever, vê e revê, fica vendo, vendo, vendo...
Aqui, não é por medo que longe me sinto em segurança. É até coragem demais correr no sentido contrário. Cerrar os dentes e os olhos para ser dura o suficiente. Sim, porque não há distância nenhuma que ainda não mantenha perto o que está por dentro. É infinitamente amaldiçoado não poder esconder-se de si. Silêncio e calmaria não saram, eu sei. Mas obrigada por entender que é preciso tempo para descobrir se será a ferida sangue ou cicatriz e acostumar a trocar seus curativos, diariamente.