4.3.08

Naquele momento em que termina a tarde e começa a noite, no meio claro-escuro dessa hora em que as pessoas voltam para as suas casas, vendo sem ouvir o movimento e criando a imagem pro som que escutava, minutos depois de perguntar-me, descobri a resposta. Vinha pensando em contar praquela pessoa que todo mundo tem uma, à quem dedicamos dizer as coisas mais diversas, esperando talvez uma salvação, pensava em contar-lhe da sensação de falta, falta do não sei. Vinha pensando. E descobri.
Descobri que o que me falta são vontades.
(...)
As borboletas morreram e não há asas nervosas alçando vôo. Sem expectativas, sem frustrações, sem espera, sem rompantes, sem impulsos, sem êxtase ou tampouco, tristeza. Já não me estremecem decepções, sabores, hipóteses, aguardo. Não me contenho porque não penso em reações. Há em mim toda uma grande sensação de tanto faz.
Não posso saber o que falta, meu Deus, porque não acredito em nada.
Já não ardo.
E descobri.