Ainda meio tonta, mais cansaço físico do que sono, pensamentos zonzos desordenados e mais desgaste. O estômago, o cérebro e sabe-se lá quantos outros orgãos funcionando mal, enquanto as fomes não cessam. A desordem dos dias que não foram ou que foram sem ser e a sensação desaprumada. Enquanto as fomes não cessam. Eu ouço e leio e vejo e as palavras imagens vão se misturando com a dificuldade de enxergar porque a luz incomoda e a cabeça dói um pouco, mas a fome persiste. As mãos ainda trêmulas e o esforço para diminuir a velocidade dos quereres todo tempo tudo agora. Nunca mais perder-se. Encontrar-se. Onde? Nesse ponto não fica mais claro o limite entre o que é permitido ou preciso. E aí as idéias rodopiam mais rápido, eu não sei se escrevo, pinto, leio, falo, canto, escuto ou durmo. Eu só sei que a necessidade urge. Enquanto as fomes não cessam.
*
*
Tenho 'querido' cores
As letras ardem, agora
Quando os olhos cansados
Procuram deitar
Em texturas
De sensação abstrata
Do só poder sentir.
[O verbo, no sentido de palavra, às vezes nos obriga a racionalizar demais. As formas visuais permitem uma abstração muito além que livra, por sua vez, também da infinidade de valores que as formas literais nos impõem].
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Tenho 'querido' cores
As letras ardem, agora
Quando os olhos cansados
Procuram deitar
Em texturas
De sensação abstrata
Do só poder sentir.
[O verbo, no sentido de palavra, às vezes nos obriga a racionalizar demais. As formas visuais permitem uma abstração muito além que livra, por sua vez, também da infinidade de valores que as formas literais nos impõem].