24.9.08

(espaço para inserir desenho)
*
Tenho sede dos que tem fome
Espero ardente
Suas bocas famintas
Mastigando idéias
Degustando.
Desejo
Afastando o desânimo
Do visto inanimado
Parado tanto
Quantos
Tudo morto
Às vezes aqui tira-me o apetite
Parece-me todo feio
Parado
Velho
Estagnado
Sem platéia
Nem espetáculo
Sento-me de mão no queixo
Na beirada do degrau de concreto roído
Esperando viajante faminto
Que traga fome para cá
Para eu seguir que nem menino matuto
Comendo a poeira do seu passar
Noutras penso se não foi o fastio
Que já devorou-me
E nem percebi.

[Minha fome nunca passa
Passa nunca fome minha
Nunca passa minha fome
Nunca minha
Passa fome
Fome passa
Minha nunca]
*
*
É de certo, os velhos dizeres dos antigos nos batem na fuça feito tapas de castigo nessa nossa mania de sabe tudo. Corretivo de mãe. Tanto, já nem revido, só rio, sorrio, é de certo... E de toda lição tida, muito sei, mais ainda, nunca serão para mim contados os amigos, de fato, por valor em cifrão. O resto, pois, façam como melhor convir, só devo precavir: comigo não.