10.9.08

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
pois que tu és já toda minha vida
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história, tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina, fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como um deus: princípio e fim".

Eu já te falei de tudo, mas tudo isso é pouco,
diante do que sinto.

(Fanatismo - Florbela Espanca)
*
*
*
Toda estrada escura
Caminhos apaga
Voltam trajetos
Que relembro
Calada.

[Ouvindo Fagner cantar esse poema e repetindo, sem falar]