5.12.08

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A mesma imagem
Cansa-me os olhos
Até secar
Nem lágrimas
Suor
ou saliva
Só a cena
[repetida].
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As mentiras contadas pelo teu arrepio rondam minha cama.
Fito por horas teu nome em um semblante morto.
Com correntes presas aos pés, suplico: "Morra! Desejo. Morra!".
Corro, corro, corro, em vão.
Fecho os olhos e é aqui que tu estás.
Teu arrepio continua a mentir ao meu redor feito um fantasma.
Há uma beleza bruta nesse encanto, tão intenso quanto meu medo.
Por todos os lados, gentes te chamam.
Corro, corro, corro, em vão.
Quero livrar-me, mas o que fazer, se moras em mim?
*
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Tenho ânsia de alma
A maioria dos corpos, ocos
Venderam as suas
[Ou será que nunca as tiveram?]

Não satisfaz-me a fuga
Entorpecida
Renasço hoje na sobriedade
Do confrontar
*
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Queria, como os demais, acreditar nas minhas próprias mentiras.
Mas não consigo, não consigo.