Quando conheci a tal internet com suas possibilidades de interação não-física encontrei também uma forma de relacionamento menos difícil do que a possível com a minha timidez adolescente, 'desajeito' com as palavras faladas e nenhuma permissão para sair de casa. As pessoas que fazem parte dos meus contatos constantes e histórias para toda vida há mais de 05 anos chegaram-me por conversas através do MIRC: o "amor eterno", a melhor amiga, os companheiros de afinidades musicais e afins. A internet substituiu minhas tardes enfiada na biblioteca pública lendo contracapas de livros, anotando nomes de autores ou gravando fitas K7 pela mais incrível vastidão de possibilidades de consumo artístico. Um grande encantamento. E até aí do virtual para o real.
Vim atentar para a diferença há alguns dias, quando percebi que não tinha status "Relacionamento" no Orkut e mudei, sem pretensões. Várias pessoas vieram comentar suas opiniões de legal/diferente/bonito/engraçado/nadaaver/'atéqueenfim'/'tutemcadauma'/'hahahaha'. Pessoas que encontro com frequência. Uma novidade? Meu status relacionamento existe no mundo real há mais de 06 meses. Eu ri. Mas depois fiquei com medo. Até que ponto a vida começa a ser legitimada nos sites?
E percebi que a coisa inverteu-se. Até para mim. Eu vejo os amigos, até os que moram há menos de 5 minutos da minha casa, mais pelas fotos do MSN e atualizações do Orkut que olho no olho, mesmo hoje em dia mais apática que tímida, com desprendimento para comunicação verbal e livre para ir para onde quiser em qualquer horário. Na minha casa não tem aparelho de som há pelo menos uns dois anos. Eu não ouço meus cds originais há quase o mesmo período. Minha miopia grita pela quantidade de e-books lidos constantemente em paralelo ao muito tempo que tenho sem comprar nenhum livro ou revista. E já me peguei fuçando as 'novidades' das vidas alheias pela internet, sendo que essas mesmas vidas desfilam à minha frente a qualquer momento, nessa cidade pequena onde todo mundo vai para os mesmos lugares.
Agora mesmo, nessa manhã superquente do feriado na segunda feira em que eu poderia estar fazendo qualquer outra coisa, prefiro dividir esses pensamentos com o teclado e a tela do computador (quem sabe depois com alguém, se alguém ler). Por que parece-me agora ridículo ligar para algum amigo e contar isso tudo que escrevo, para tentar iniciar uma discussão sobre o assunto? Passa pela cabeça esperar alguém 'legal' ficar on no MSN para eu fazer isso. E aí me dá medo de novo. E aí eu quero cada vez menos um cadastro no Twitter ou em qualquer outro meio de comunicação virtual. E se quando eu pensar dê mais vontade de twittar que de comentar com alguém? Ou isso será porque realmente eu só conseguiria um diálogo pelos meios virtuais? Se eu sair de casa para tentar conversar alguém estará disponível? Eu já tive preguiça de ir no portão de casa receber pessoas porque não queria parar de fazer o que estava fazendo no computador. E não era trabalho, tampouco qualquer urgência. E fico sentindo medo encontrando cada vez mais evidências. Eu quero viver de carne e osso. Eu quero nunca esquecer o status de mim.
Vim atentar para a diferença há alguns dias, quando percebi que não tinha status "Relacionamento" no Orkut e mudei, sem pretensões. Várias pessoas vieram comentar suas opiniões de legal/diferente/bonito/engraçado/nadaaver/'atéqueenfim'/'tutemcadauma'/'hahahaha'. Pessoas que encontro com frequência. Uma novidade? Meu status relacionamento existe no mundo real há mais de 06 meses. Eu ri. Mas depois fiquei com medo. Até que ponto a vida começa a ser legitimada nos sites?
E percebi que a coisa inverteu-se. Até para mim. Eu vejo os amigos, até os que moram há menos de 5 minutos da minha casa, mais pelas fotos do MSN e atualizações do Orkut que olho no olho, mesmo hoje em dia mais apática que tímida, com desprendimento para comunicação verbal e livre para ir para onde quiser em qualquer horário. Na minha casa não tem aparelho de som há pelo menos uns dois anos. Eu não ouço meus cds originais há quase o mesmo período. Minha miopia grita pela quantidade de e-books lidos constantemente em paralelo ao muito tempo que tenho sem comprar nenhum livro ou revista. E já me peguei fuçando as 'novidades' das vidas alheias pela internet, sendo que essas mesmas vidas desfilam à minha frente a qualquer momento, nessa cidade pequena onde todo mundo vai para os mesmos lugares.
Agora mesmo, nessa manhã superquente do feriado na segunda feira em que eu poderia estar fazendo qualquer outra coisa, prefiro dividir esses pensamentos com o teclado e a tela do computador (quem sabe depois com alguém, se alguém ler). Por que parece-me agora ridículo ligar para algum amigo e contar isso tudo que escrevo, para tentar iniciar uma discussão sobre o assunto? Passa pela cabeça esperar alguém 'legal' ficar on no MSN para eu fazer isso. E aí me dá medo de novo. E aí eu quero cada vez menos um cadastro no Twitter ou em qualquer outro meio de comunicação virtual. E se quando eu pensar dê mais vontade de twittar que de comentar com alguém? Ou isso será porque realmente eu só conseguiria um diálogo pelos meios virtuais? Se eu sair de casa para tentar conversar alguém estará disponível? Eu já tive preguiça de ir no portão de casa receber pessoas porque não queria parar de fazer o que estava fazendo no computador. E não era trabalho, tampouco qualquer urgência. E fico sentindo medo encontrando cada vez mais evidências. Eu quero viver de carne e osso. Eu quero nunca esquecer o status de mim.