Urge, ruge
E arde.
*
Não sei o tamanho da definição desse vazio nem se o tamanho desse vazio define-se. Cheio de falta, de tempo, de saudade. Ter alguém por 13 anos e tê-lo perdido há 12, nesse mesmo um de março. Um de corte fundo. Um de dois que viram sós. De nós que viram nunca mais.
O ano repete as datas e a memória repete as lembranças. Eu não quero lembrar. Mas o silêncio da voz me lembra. O vão sem o abraço me lembra. O abandono sem a segurança me lembra. Eu me lembro. Todo dia hoje. Todo dia ontem. Todo dia amanhã. Todo dia sempre. Com a dor de quem perde o lar. Com a dor de quem perde a vida. Com a dor de quem morre. Sempre. Nesse mesmo mês de março.
O ano repete as datas e a memória repete as lembranças. Eu não quero lembrar. Mas o silêncio da voz me lembra. O vão sem o abraço me lembra. O abandono sem a segurança me lembra. Eu me lembro. Todo dia hoje. Todo dia ontem. Todo dia amanhã. Todo dia sempre. Com a dor de quem perde o lar. Com a dor de quem perde a vida. Com a dor de quem morre. Sempre. Nesse mesmo mês de março.
*
Ei de procurar no vazio
Buscar-te com os olhos
Palavras presas nos lábios
E braços trêmulos
Refazer cenas da tua memória
Presenciar tua face
Desfocada pelas lágrimas do não ver
Infinito vão de mim sem teu abraço
Teu dia faz-se eterno no existir de ti, aqui
Com toda a violência do quanto te quero
Mesmo estancada pela lucidez
De me saber sem te encontrar
Emudecida pela mordaça de vazio
Entre meus dentes machucados
Pelo nó bruto da morte
Entre nós.
*