29.4.08

Tive o mesmo sonho por duas noites seguidas: um balanço, desses de corda e madeira velha, numa árvore de copa grande, no meio de uma floresta e mais nada. Mais nada além de mim, num balaçar forte, de olhos fechados, cabelos e pernas soltos, vento no rosto. A sensação que sentir vento no rosto sempre me traz, leve, pela noite inteira, uma cena, um sonho inteiro.
Trouxe um gosto de lembranças, do balanço de corda e madeira velha na àrvore de grande copa do quase pomar, na época que um portão separava os dois quintais. Tardes infantis de vento no rosto, cabelos voando, olhos fechados, pernas soltas e a sensação, leve.
Deve ser um sonho projetado pela saudade que constantemente me toma de mim, suspirando vazia de alguém que fui e não identifico exatamente, enquanto a falta procura num vácuo sem fim.
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Nem pintado de ouro,
como diria minha avó.
Só pensar-te já me fadiga.
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Hoje a admirar-me mergulho no olhar fixo em mim.
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*Textos escritos aleatóriamente, nessa ordem, antes de dormir na madrugada de hoje, no bloquinho estrategicamente guardado na gaveta do criado mudo, junto com a caneta e a luminária, para essas vontades de escrever desnorteadas de sono.