6.8.08

Grafite sobre papel, ano 2006. Mayara Montenegro


Assisto daqui o esforço desesperado das pessoas para agarrem-se em suas mentiras diárias. Às vezes penso se deveria eu tentar também falsas encenações para forjar um contentamento qualquer. Mas o ridículo fica estampado a olhos nus e eu não consigo sentir-me imune, me incomoda, não faz sentido. É patético vonluntariar-se a cegueira. As pessoas enganam-se a fingir que não vêem e seguem, numa semi vida, cheia de pedaços de outras vidas escondidas.
Se a uns falta coragem, a mim falta paciência.
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Antipática? Não, preguiçosa.

Faço apologia ao anti social. É comprovado que as pessoas mais populares e ativas socialmente são menos interessantes, possuem menos conhecimento em assuntos relevantes que não digam respeito ao seu próprio círculo de frequência. Eu apoio a não socialização. A probabilidade de alguém interessante é de um em cada cinquenta pessoas a quem somos apresentados ou conhecemos aleatoriamente. Não ser simpático poupa o trabalho de despitar gente burra. Valorizo a companhia de amigos imaginários dos quais extraio diálogos interessantíssimos como livros, discos, filmes. E que o resto do mundo seja feliz com seus umbigos. Eu sou com o meu. E morro de preguiça de sair dele para conhecer os dos outros, normalmente só tenho o trabalho de limpar, mas quando termino, nunca encontro nada.