1.3.09



Sinto saudades da imitação do Scooby Doo na mesa do jantar. De ir até a locadora de mãos dadas. Da grosseria amável. Do jeito de dono do mundo. De ter um super herói. Da massagem nos pés. De chorar no colo quando o Vasco perdia. Dos apelidos ridículos. Até dos Sambas o dia inteiro. De fingir ser Mestre Sala e Porta Bandeira. Do arroz com ervilha, milho verde, cenoura e batata mais gostoso do mundo.
Meu espelho, meu melhor amigo. Penso em ti todos os dias. Brinco de imaginar como seria, que a nossa vida está viva em algum lugar por aí.
O último abraço. A última vez em que te vi. E esse vazio nunca mais passou. Amor da minha vida, foi hoje, há onze anos atrás.


"Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então

Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias!

Glória à farofa
à cachaça, às baleias!

Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais!

Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas faz muito tempo..."


(Mestre Sala dos Mares)


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Desobedecendo a racionalidade eu poderia ler essas duas palavras por horas e horas e horas e horas e horas seguidas.


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