27.7.09

A ficção cada dia apaixona-me mais. Os reais cada vez são mais personagens. O caricato animado ao redor e eu prefiro as caricaturas nascidas da ponta do meu lápis, estáticas. Almejo filmes a esses roteiros de dia-a-dias falidos, gastos, repetidos, pobres, tecidos pela inconsciência dos atores, vagando. Não tenho mais paciência nem espasmo. Até a antipatia e o aborrecimento passaram. Sobrou a falta de entusiasmo, a cara de cansaço, a vontade de gastar todo o tempo com cobertores, palavras, imagens e nenhuma presença [além de mim]. Para não ver, tiro as lentes, os olhos ardem. Para não ouvir, os fones a entupir os tímpanos. Para suportar, a esperança não sei do que guardada em algum lugar que esqueci. E até a poesia parece-me lugar comum.